Como explicar a súbita vontade de chorar num dia ensolarado
como esse? Como entender o vazio no peito e a dor que se sente apesar do
aconchego materno e do beijo apaixonado que se recebe? É como uma onda de
angústia e desespero que aparece, me consome por minutos que parecem horas ou
horas que parecem uma eternidade. Não tenho a intenção de promover reflexões e
muito menos de causar um reboliço no cérebro de ninguém. Se pergunto é porque honestamente
não sei. Tento concentrar-me nos momentos de alegria, mesmo quando esses se
apresentam cada vez mais escassos em meus pensamentos. Os mesmos que se recusam
a me mostrar cenas de paz.
“Tá” muito pesado pra
você, né? Mas, calma! Uma hora tudo isso passa. O vazio vai sumindo, o
desespero se torna quase calmaria. A tensão desaparece. Tomo meu café como se
nada daquilo um dia houvesse acontecido e escovo os cabelos com a tranquilidade
e preguiça de quem acabou de acordar. Mal se percebe as marcas, as feridas do
dia anterior. Talvez se olhasse bem perto dos olhos e concentrasse no inchaço
em volta deles. Mas até isso é camuflado pela maquiagem tão usada em dias como esses.
Tamanha é a inconstância dos meus sentimentos, que chego a
pensar que não há palavra melhor pra mim. A Mandala que me define são olhos
chorosos acompanhados de gargalhas inscritos em um círculo de formas
geométricas. Tão lindo por fora, tão complexo por dentro. Fico me perguntando se todo essa loucura interna tem alguma explicação concreta e, por isso, o início desse desabafo. Mas não. São só as minhas paranoias castigando o meu corpo. Eu lutando contra mim mesma.
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