sábado, 24 de agosto de 2013

Para aquela amiga minha

   Todo mundo tem uma amiga que insiste em dizer: "homem não presta". E com essa generalização infeliz, ela tenta convencer as outras de que ele fez isso ou aquilo, pegou fulaninha ou até mesmo traiu, porque "homem é assim mesmo". Como se fosse da natureza dos homens ser cafajeste. NÃO! Não, amiga. Não é assim que funciona. Assim como você, os homens pensam antes de tomar atitudes; não culpe a testosterona por tudo que o carinha fez ou deixou de fazer. E, falem o que for, nem mesmo o álcool é desculpa para as atitudes dele.
   Quem diria EU escrevendo um texto como esse..mas existem coisas que realmente me tiram do sério quando o assunto na "rodinha" feminina é homem. Algumas mulheres precisam encarar o fato de que "ele" não quer nada sério. É difícil, pode acreditar, eu sei. Toda garota já passou por isso. A gente não quer acreditar no que está na nossa frente. E então, colocamos palavras na boca "dele", imaginamos olhares; criamos justificativas para os seus atos. É o nosso jeito de alimentar a esperança; de fortalecer as boas lembranças; de nos manter apaixonadas. Porque não há nada melhor do que estar apaixonada.

   Só que estar apaixonada sozinha não tem nada de bom. Pare de querer inventar uma reciprocidade que não existe. Aceite que ele não está tão na sua quanto você pensa. Se "ele" age como um idiota, pare de perder tempo e comece a tratá-lo como o idiota que ele é. Ponto final. (desabafo sempausanemprarespirar)
   Para concluir a minha revolta, quero deixar bem claro que não sou uma especialista. Não estou querendo me meter na sua vida amorosa e, muito menos, "cortar o seu barato". Mas, meninas, por favor, vamos parar de achar que todos os homens são iguais. Isso só nos faz ser mais tolerantes às babaquices de alguns caras.
    Por último, vamos parar de dizer que "homem não presta", "homem é tudo igual" e variações. Repetir isso não vai fazer com que precisemos menos dos homens e, muito menos, nos tornar mais fortes ou interessantes. Ao invés disso, coloquemos em nossa cabeça que merecemos caras legais; que nos tratem bem e que despertam o que há de melhor na gente.
   Algumas garotas têm a capacidade de amar o mundo inteiro. Amemos a nós mesmas primeiro.



   
   
Joana Borges (Perdidos)





quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Coisas que só São Paulo faz por mim

É inquestionável o fato de que São Paulo tenha mudado a minha vida. Eu sei que mudou, eu vejo e, sobretudo, eu sinto na pele as mudanças que a Pauliceia faz em mim.
Seis meses vivendo a loucura que é São Paulo, posso dizer, sem hesitar, que sou louca como ela é. Carrego no corpo emoções inexplicáveis, que se colocam umas sobre as outras como se disputassem um lugar em mim. E a minha mente, sem força para lutar, as deixa entrar; como alguém que recebe uma visita na hora do cansado, no momento mais inoportuno do dia. Mas, por educação ou fraqueza, abre a porta e lhe oferece um café, um pedaço de bolo.
Por mais que não sejam bem-vindas, eu alimento essas emoções. Apesar de fazerem sofrer, eu não consigo expulsá-las, e ainda as fortaleço com meus pensamentos. Por que então eu continuo fazendo isso? Promovendo essa luta de emoções dentro de mim? Por que, simplesmente, não parar de alimentá-las e as deixar morrer? Mas eu não consigo.
Não tenho dúvidas de que a vida seria muito mais tranquila e feliz se eu não pensasse tanto no que fazer dela; se eu não me preocupasse tanto em ser feliz. Mas como no medievo, que as pessoas viviam para uma vida após a morte, eu vivo pelo amanhã.
Entristece-me admitir, mas eu sei que é verdade. Afinal, por que eu estou há seis meses morando em São Paulo, apesar de estar sempre desejando a volta pra casa?
Sei que é o melhor para minha profissão. Sei que no futuro colherei os frutos dessa experiência. 
E então, agarro-me em cada oportunidade; e espero o futuro chegar.
Enquanto isso, vou me envolvendo em coisas que distraem a cabeça, aquietam meus pensamentos, acalmam a alma. Vou regularmente à academia, converso, brinco, cuido do corpo; Aos sábados, faço teatro e, por duas horas, finjo ser alguém que está longe de ser eu mesma. Entro na personagem e, finalmente, esqueço de mim. À noite, saio. Vejo um filme, danço, vejo gente. E na balada, me acho linda de batom vermelho.
São Paulo é a minha loucura e a minha ambição. Aqui sou tudo e nada ao mesmo tempo. A ela atribuo minha inspiração, meu desespero. A ela dedico toda a minha alta e baixa autoestima; e nela despejo a culpa pela minha insônia e o meu cansaço.
Para mim, a pauliceia é mais que uma cidade. É um sistema, um organismo vivo. Pulsante, pensante, faminto. São Paulo se alimenta do meu suor, do seu suor. Quando fraquejamos, ela vem no dar um tapa na cara; e quando vencemos, ela se alimenta da recompensa.
É chegada a hora. A mente já cansada chama pelo sono, que não vem. Ao invés dele, invadem-me os pensamentos, as emoções, a saudade, a tristeza, o medo, a solidão. "Desculpe, outro dia você vem me visitar, preciso dormir agora. Espero que tenha gostado do bolo." E, mais uma vez, volto pra cama.




Por Joana Borges (Perdidos)

domingo, 4 de agosto de 2013

Uma vida numa caixa de sapatos

Chego no apartamento completamente vazio; branco; sem vida. Aos poucos desarrumo as malas; com a empolgação de quem espera melhorias; com o desânimo de quem já sente o coração apertar. Toda vez é aquela sensação que luta para preencher o espaço que os amigos, a família, o namorado deixou. Essa que diz que boas novas virão e que não há nada para se preocupar. A mesma que te abraça e te manda ser forte.

É nesse turbilhão de emoções que, rapidamente, vou enchendo o minúsculo armário duas  portas que eu chama de guarda-roupas. Tudo que é meu está lá dentro. Quem me dera se Aline, o Rodrigo, também coubessem lá. Este, em nada se assemelha com o guarda-roupas da casa dos pais; grande, cheio de espelhos.Mas que eu só vejo uma vez por mês. O daqui é mais como uma caixa de sapatos que, com cuidado eu vou criando espaços e juntando corpos em um mesmo cm³; por mais absurdo que isso possa parecer para as leis da física.

Depois de mais de um mês fora de São Paulo, voltar não é "lá" a coisa mais fácil do mundo. Mas não me queixo. Com "Armário Caixa de Sapato" e tudo; se a vida não fosse assim, não seria a minha. E se não é minha, não serve.

Joana Borges (Perdidos)