domingo, 4 de agosto de 2013

Uma vida numa caixa de sapatos

Chego no apartamento completamente vazio; branco; sem vida. Aos poucos desarrumo as malas; com a empolgação de quem espera melhorias; com o desânimo de quem já sente o coração apertar. Toda vez é aquela sensação que luta para preencher o espaço que os amigos, a família, o namorado deixou. Essa que diz que boas novas virão e que não há nada para se preocupar. A mesma que te abraça e te manda ser forte.

É nesse turbilhão de emoções que, rapidamente, vou enchendo o minúsculo armário duas  portas que eu chama de guarda-roupas. Tudo que é meu está lá dentro. Quem me dera se Aline, o Rodrigo, também coubessem lá. Este, em nada se assemelha com o guarda-roupas da casa dos pais; grande, cheio de espelhos.Mas que eu só vejo uma vez por mês. O daqui é mais como uma caixa de sapatos que, com cuidado eu vou criando espaços e juntando corpos em um mesmo cm³; por mais absurdo que isso possa parecer para as leis da física.

Depois de mais de um mês fora de São Paulo, voltar não é "lá" a coisa mais fácil do mundo. Mas não me queixo. Com "Armário Caixa de Sapato" e tudo; se a vida não fosse assim, não seria a minha. E se não é minha, não serve.

Joana Borges (Perdidos)

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