Desde sempre ouvi dizer que o
jornalismo era objetivo,imparcial. Talvez por isso sempre confiei em tudo, ou
quase tudo, que lia nos jornais ou assistia nos telejornais por aí a fora. A
credibilidade do jornalista vem exatamente disto: escrever sobre a verdade,
informar o público leitor e nada mais. Entretanto, ser imparcial, objetivo, em
uma matéria jornalística, não é tão simples como possa parecer. O jornalista
pode ser imparcial ao não defender uma posição em seu texto, ao mesmo tempo em
que este não consiga esconder o seu tom de subjetividade, por exemplo.
Ao escolher o ângulo a ser enfatizado na
matéria ou o que omitir, o profissional da comunicação já está sendo, de certa forma,
subjetivo. Não se trata de ser mais ou menos profissional; neste caso, o
jornalista só está sendo humano, atribuidor de valores, contador de história. Essa reflexão pode ser mais bem analisada por meio do texto de Luiz Costa
Pereira Junior, “A Fábula dos três repórteres” que mostra o diferente enfoque
dado por estes jornalistas diante de um mesmo acontecimento e um mesmo roteiro
de apuração. Segundo as palavras do próprio Luiz Costa: “Não houve má fé,
ninguém mentiu, todos foram objetivos, mas as histórias contadas por eles não
são as mesmas”.
Diante da dificuldade em se definir o que é
a verdade diante de tantas versões jornalísticas, a crônica escrita em 1901 por
Olavo Bilac, aponta um enigma: “Ora,
o público tem pressa: como há de perder tempo em procurar a verdade dentro
deste acervo de contradições e de divergências?...”. Olavo Bilac ao se
pronunciar sobre os diferentes pontos de vista que cada jornalista tem de
determinado fato, se mostrou um tanto quanto profético ao levantar tal
questionamento e completa seu raciocínio ao sugerir que a fotografia, realista,
sincera, instantânea, tomaria o lugar dos escritos.
Atual, embora carente de algumas
informações, Bilac não tinha como prever os rumos que o fotojornalismo tomaria
cem anos após a publicação de seu texto. Sabemos, ou pelo menos deveríamos saber
que a imagem também é alvo da subjetividade humana. Esta que é muitas vezes
vista sem um olhar crítico, também pode ser manipulada, ou simplesmente
retocada. Haverá sempre uma pessoa por trás da câmera que, em maior ou menor
grau, influenciará na fotografia. Como analisa Peter Burke em seu texto “Como
confiar em fotografias”: “Embora as fotografias não possam mentir, os mentirosos
podem fotografar”. Ou seja, por mais credibilidade que é atribuída à imagem, esta
não é de todo confiável e faz-se necessário um olhar atento sobre elas.
Por fim, embora nada tenha se decidido para
solucionar o inconveniente subjetivismo jornalístico e para definir uma maneira
correta e única de se fazer comunicação, o jornalismo segue com seus defeitos,
suas faces. Aprendendo com a sua própria trajetória, a comunicação se
desenvolve e melhora. Afinal, nada é mais educativo do que a própria
experiência, a própria história da comunicação e sua jornada.
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