terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O céu da cidade.

São Paulo não sente a frescura das árvores.
Nunca sentiu a força do mar, o aconchego das montanhas, a inocência da neve, a brisa da serra. Deixou de sentir a umidade das plantas, a serenidade dos rios, a liberdade dos pássaros, a selvageria dos bichos. Cidade tem dessas, a gente perde costume do que é natural. Esquece das nossas raízes, e a das plantas também… E se agarra só na superfície. E olha só pras camadas novas, recém formadas de asfalto. E vive nelas.
Faz parte. Há algo de admirável na massa cinzenta urbana, sabemos que há, somos civilizados. Mas esquecemos desse início. Da limpidez da água, do verde das florestas. Das formações geológicas cravadas majestosamente na terra. Da vida selvagem… Esquecemos da natureza em sua forma mais pura. Da ancestral mais antiga, mais sábia, mais necessária.
Então vamos voltar nossos olhos pra cima de nossas cabeças. Lá está, o grande sobrevivente. Viu? Está ali. Mas não é pra só olhar. Não é só pra saber se é dia de roupa quente ou de roupa fria. É pra ver - e enxergar. Com carinho. Com intensidade.
Já viu as nuvens? O raiar do dia, e o nascer da noite? E o luar? (Sim, perdemos as estrelas, já… Mas ainda há muito o que se ver.) Já viu as cores? Azul, rosa, laranja, preto, mil tons. Já sentiu o brilho do sol? Observou os humores da lua? Tá tudo ali em cima, no céu. É o nosso cobertor. De todo o planeta.
Quando precisar reforçar o dia, quando a alma pedir arrego, olha lá pro céu.
É a última esperança que a natureza tem de colocar um pouco de paz nessa cidade.

Mariana Agati.

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