terça-feira, 12 de março de 2013

Voltei a sonhar

   Desde que me conheço por gente, sempre critiquei o sistema educacional brasileiro. Lembro-me das noites intermináveis de domingo estudando para a prova de química de segunda-feira e o quanto me frustrava. Para mim era inconcebível estudar horas e horas para algo que eu jamais consegui enxergar, nem aos 14 e muito menos agora, aos 18. Quantas vezes já não escutei dos “amantes da tabela periódica” aquela típica frase : “A química está em tudo” ou mesmo “O ser humano é a prova viva de que a química existe”. Tá, tá, chega, JÁ OUVI!
   Aos 15 anos, quando os mais comuns elementos químico me foram apresentados, tive certeza de que me rebelaria. Lutaria contra tudo e todos e acabria de vez com esse fracassado sistema que me obrigava a estudar para uma matéria da qual nada entendia. NADA. 
  Os anos foram passando e, finalmente, aos 16, me vi livre da "tal da química". Fui pra longe, num lugarzinho chamado “Gross Reken”, onde as pessoas, enfim, pareciam “falar a minha língua”(por mais bizarro que isso possa parecer já que essa é uma vila situada na Renânia do Norte, Alemanha). Pude, depois de anos de rebeldia e pouca luta, escolher as matérias que iria estudar, e química, definitivamente, não era uma delas. Ai como era bom...
   Me apaixonei pela minha “vida alemã”,pela primavera, pelo outono..e por tudo que dela fazia parte. Eu sonhava em viajar, dar a volta ao mundo, começando pela Europa. No meu primeiro mês já sonhava com o meu próximo intercâmbio, a próxima língua que eu aprenderia, para onde viajaria. Costumava dizer que eu fui, durante um ano, eternamente apaixonada. E como a maioria dos intercambistas que conheci, apaixonada pela vida de intercambista.
   Aos 17 voltei do paraíso e caí de paraquedas na vida real. Química, física, matemática 1, matemática 2, 3, 4! CHEGA! CHEGA! CHEGA! Um ano de estudo, de preparo, de stress acompanhado de frustração,choro,raiva. Por um ano inteiro, vivi no que chamo de “automático”.  Pra mim que sempre odiei a rotina, não tinha nada pior do que aquilo que eu vivia. VESTIBULAR. Tenho a impressão de que quem inventou esse método nunca passou por um.
   Chegaram os 18. Os tão esperados 18. Sem entrar no mérito dos “rocks” (como dizem no ES) ou das “baladas” (SP), a questão é que fui pra faculdade. Vim pra Sampa e, mais uma vez ( e desta vez pra nunca mais ver na vida) dei adeus pra química.
   Há um mês estudante de jornalismo, voltei a me apaixonar. Voltei a sonhar. Se hoje me perguntarem porque eu estudo, sem hesitar, direi que é porque gosto. Gosto do que eu faço. E me orgulho do que faço. Hoje sou feliz ( e digo hoje no sentido literal da palavra e não como alguém que diz pensando na vida atual) porque acordei sabendo que faria algo o qual faço bem, porque saí as 19:40 da biblioteca da faculdade por livre e espontânea vontade e, no metrô ainda lotado, pensei no meu próximo texto pro blog. Se sou feliz hoje é porque me sinto bem comigo mesma e gosto do meu próprio “eu”. Porque voltei a ter ambição e estar de olhos fechados, pra mim, não é mais pré-requisito pra sonhar.

Joana Borges (Perdidos)


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3 comentários:

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  3. "matemática 2, 3, 4! CHEGA! CHEGA! CHEGA!", não entendi esses chegas...hahaha Ficou ótimo o texto!

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